quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Sugestões de leitura




Os lindos braços da Júlia da farmácia, Rentes de Carvalho

Foi há alguns meses que ouvi falar, pela primeira vez, de Rentes de Carvalho, em conversa com uma amiga a quem lhe tinha sido “apresentado” o escritor, pelo crítico de cinema Mário Augusto. Confesso que, na altura, fiquei curiosa com o que me contou sobre a sua prosa, mas o tempo foi meu inimigo e só em férias iniciei a descoberta do autor. Não perco tempo em apresentações. Os mais curiosos podem “googlar” o nome do escritor e facilmente acedem à sua identidade civil e literária. Interessa-me mais despertar a atenção para um conjunto de pequenas narrativas que integram a sua última publicação – “Os lindos braços da Júlia da farmácia”.


Curiosamente, o título da obra é o título do mais breve conto desta colectânea que se caracteriza por uma série de narrativas que revelam o essencial sobre Rentes de Carvalho – um brilhante contador de histórias. São histórias que têm por base memórias de vida, não esquecendo o seu lado ficcional. Como diz o próprio autor numa entrevista – “Mas eu minto muito. Desde miúdo que minto como o diabo, ninguém deve acreditar em mim. As minhas confissões são uma chapa de aço. De vez em quando surpreendo-me porque sei que estou a mentir a mim próprio, e acho graça.”


Verdades ou mentiras, ao lermos “Os lindos braços da Júlia da Farmácia”, viajamos por Trás-os-Montes, pelo Minho (com uma breve incursão na festa de S. Bento de Seixas!), conhecemos os meandros da vida dos amantes do jogo ou dos contrabandistas das margens do rio Minho, sorrimos com pormenores de uma infância na província, comovemo-nos com memórias nas quais se sente “o delicado equilíbrio que [ele] mantém entre a realidade e a fantasia.” , revisitamos outros romancistas (Eça de Queirós), lembramos o incêndio do Chiado, em Lisboa, aventuramo-nos por outras cidades europeias…


O restante, descubram vocês! Boa leitura!

Auxília Ramos