quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Ainda Pessoa (ante)visto pelos alunos...

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Como vejo Pessoa? Não sei. Não vejo. Imagino, sim. Ver torna-se demasiado difícil quando nos referimos a alguém com uma percepção do mundo inatingível ao comum ser humano.
Uma pessoa faz, uma pessoa olha, uma pessoa compreende. Pessoa não. Pessoa sente, interpreta, Pessoa escreve e reescreve-se de tal modo que se reinventa em inúmeras pessoas diferentes.
Escondido atrás de uns óculos sóbrios e atentos e de um chapéu escuro e subtil, Pessoa observa o Mundo, taciturno, explodindo a fúria de viver, numa escrita inigualável e inexplicável. Uma mente tão complexa e profunda apenas encontra explicação no limite da sua loucura intelectual. Sim, “De poeta e louco, todos temos um pouco”, e ainda que considerado aforismo popular, este provérbio não perde a sua veracidade por o ser, nem Pessoa a caracterização. Cada um sabe gerir a sua veia de demência, cada um escolhe a importância a dar-lhe. Pessoa transformou-a no seu modo de vida, no seu modo de escrita.
“Não sou nada./ Nunca serei nada.” dizia Álvaro de Campos. Incompreendido por muitos e desprezado por outros, a penetração na alma e espírito do ser humano é levada ao auge com Pessoa, alguém que, privado da presença de quem o admire, se recria em novas personalidades, com dia de nascimento, profissão e terra natal, construindo o seu mundo, a sua vida socio-psicológica apenas nas profundezas da sua consciência e na superficialidade do papel.
De tantas formas que se pode idealizar alguém, imagino Pessoa perdido nos seus próprios devaneios e pensamentos, visões e introspecções. Imagino-o a vaguear por ruas infindáveis, sem destino nem propósito.
Pedras no seu Caminho? Guardou-as todas. Pessoa construiu muito mais que um castelo.
Ana Lúcia Rebelo, 12B
(Enviado por: Isabel Moreira)

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