domingo, 27 de abril de 2014

Uma obra muito especial...

   










É com grande orgulho que noticiamos no Lusografias que o aluno Diogo Domingues (12º ano) editou  A História de Portugal contada a todos, com a chancela da Chiado Editora. O lançamento aconteceu na Bertrand do Shopping Cidade do Porto, no dia 25 de abril. A apresentação da obra ficou a cargo da Professora Patrícia Faria, cuja comunicação transcrevemos. Muitos parabéns!






   

















Em primeiro lugar, quero felicitar o Diogo pela determinação e sobretudo pela audácia em mergulhar num projeto desta natureza, nada fácil, que é o de escrever um livro.

   Para os que sentem amor às letras, esta é uma idade em que a sociedade talvez espere com alguma normalidade e até benevolência, que os mais jovens escrevam pequenas narrativas, ficcionadas, oriundas do génio inventivo precoce ou até criem poesia lírica e sentimental, dando asas a uma busca interior, em espíritos ávidos, personalidades em afirmação… Mas, este jovem aqui ao meu lado, em particular, lançou-se na aventura de redigir um texto que muitos autores escolhem relegar para uma idade madura e tranquila no tempo.
   
   Começaste ao contrário e pelo mais difícil, portanto.

 Ter uma ideia para algo é relativamente simples para a maioria das pessoas. Arquiteturar essa ideia, transformando-a em projecto, é tarefa ainda para muitos. Dar início a um propósito, começar a concretizar um traçado e aceitar colocar mãos à obra a um objetivo premeditado, já é atributo para menos. Mas agora…levar a bom porto uma ideia inicial, consumando um projeto laborioso, manter o mesmo espírito entusiasta e a mesma paixão anímica até ao fim, tendo em conta que neste caso, não se trata de uma qualquer obra, apenas uma ….. História de Portugal, isso é apanágio para poucos.

  Vou ainda mais longe: não deve haver muitos como tu, Diogo, pelo país fora, que, com a tua idade, se tenham atrevido a publicar uma obra deste género. Talvez mesmo, dentro do campo da História (e aqui a Editora Chiado poderá responder melhor do que eu), tu sejas caso único a nível nacional. Se estiver errada, corrige-me por favor: tinhas 16 anos quando puseste mãos ao projeto, e provavelmente ainda menos quando a ideia se te aflorou pela primeira vez à mente. Aos 17 lançaste-te na concretização desse mesmo projeto, que agora, aos 18, se realizou plenamente.

  Só por isso, meu caro Diogo, estás de parabéns!

  A “História de Portugal contada a todos” é essencialmente uma obra de divulgação e informação histórica.

   Direcionada para o público jovem adulto, convida-nos a uma longa viagem pela História nacional, a uma verdadeira odisseia portuguesa. Estruturada em 25 breves capítulos (desde a Pré-História até ao Portugal Contemporâneo), este livro é seguramente, o guia ideal para os jovens mais curiosos, que durante o percurso pré-universitário pretendam alargar os horizontes da cultura geral, já sem falar dos alunos de Humanidades, da especialidade, que o poderão utilizar como manual de referência e de consulta. E claro, ainda para o público em geral, curioso, que de uma forma evidente e rápida, ambicione aceder aos principais factos e circunstâncias da História lusa.

  No teu livro, mencionas de uma forma sucinta mas integral, os principais acontecimentos e marcos da nossa História, destacando as grandes personalidades. Entre outros, Afonso Henriques, Vasco Da Gama, ilustram e embelezam a capa, aliás, muito apelativa.

 Através deles, autores como tu, ajudam a manter viva a História. E porque é importante a História? Porque ela é a Memória, a Memória da Humanidade, que queremos que prevaleça, para dar sentido às nossas ações, às ações do coletivo, às existências, ao futuro sempre imediato, melhor se possível que o passado recente. Porque a História é isto, somos nós, os grandes, os mais pequenos, as miríades de gentes que um dia habitaram a terra e que quiseram contar como foi. E nós, contemporâneos, queremos ouvir.

  Tantas “estórias” dentro da História. Nos documentos pululam, aliás, heróis visíveis, mas também e, sobretudo, muitos heróis anónimos que se encontram nas entrelinhas dos registos históricos e que, sem eles, sem o seu contributo dos seus atos e gestos, Portugal não existiria. Falo por exemplo desses pioneiros do início da nacionalidade, aventureiros portugueses dos Descobrimentos, dos emigrantes, que um dia partiram em direção ao novo, ao desconhecido, em busca do melhor. As suas histórias são uma marca d’água nos documentos.

  O livro é também uma homenagem a todos eles.

  Esta, foi seguramente uma tarefa gratificante para ti, Diogo, mas podes crer também para nós, professores, para mim especialmente, como tua professora de História, e para o próprio Colégio Luso-Francês, que como instituição, com valores muito próprios, se pode orgulhar em ter na sua comunidade alunos, melhor, pessoas assim: apaixonados pelo saber, entusiastas, empreendedoras. E estou certa que este tipo de iniciativa é a também a boa prova de que a missão e os objetivos do Colégio vão sendo cumpridos e efetivamente prosseguidos.

  É neste contexto que tenho acompanhado nestes últimos três anos como professora, o teu brilhante percurso escolar ao longo desta etapa transitória que é o Secundário. O gosto, a paixão pela História foi sempre uma constante desde a primeira aula, quando te conheci. Desde aí, o teu empenho e dedicação não diminuíram um centímetro que fosse, pelo contrário, dou o exemplo das tuas intervenções sempre muito oportunas em aula que só demonstram esta evidência: uma incomensurável vontade de saber, de conhecer.

  E há ainda outro fator que merece ser realçado: é que as tuas capacidades de concentração, estudo e de trabalho demonstram, numa época em que se enaltecem essas mesmas qualidades, a capacidade de empreendedorismo:

  Senão vejamos:

  1º É um trabalho com originalidade em que o autor teve que adquirir conhecimentos, procurar informação, fazer pesquisa histórica, ir às fontes.
 2º É uma obra objetivada em proveito da divulgação histórica, para os outros, portanto.
  3º Na cultura atual, em que tanto se fala do incentivo ao empreendedorismo dos mais jovens, tudo isto está na ordem do dia, sendo uma exigência acrescida para que o conhecimento seja profícuo e, portanto, em consonância com a utilidade pessoal e social. Trata-se, sem dúvida, de um verdadeiro caso de empreendedorismo cultural.

  Digo-te muito sinceramente e julgo que não falo só por mim, mas pela voz de qualquer professor: que orgulho ter alunos deste calibre! E para os pais, que orgulho ter filhos assim.

  Porém, Diogo, nada disto seria pleno, integral sem a participação de uma particular faceta do teu carácter que gostaria de relevar: a tua humanidade.

  É que nestes últimos anos, Diogo, o que eu observo, não é apenas um bom aluno. É um aluno bom. Bom de coração, sempre pronto a colaborar com os professores, recetivo a qualquer tarefa proposta, muito solícito para com os colegas (atendendo a qualquer dúvida ou prestando qualquer esclarecimento pontual.) E mais, a esta tua humanidade, alia-se um grande sentido, digo mesmo instinto espiritual, impregnado de valores cristãos, como demonstram as tuas vivências no Colégio, quando por exemplo, nos brindas nas aulas do início da manhã, com lindíssimas orações por ti escolhidas e por todos nós tão bem acolhidas. São verdadeiras fontes de inspiração para o resto de um longo dia de trabalho.

   Que sejas sempre constante nesses valores positivos que te norteiam e que te afirmam neste mundo.

   Bem, pensando já em terminar, faço-o, desejando com o todo o coração que este seja um dos múltiplos projetos que com certeza irás concretizar ao longo da tua vida, que apenas agora entra numa florescente Primavera … Mas uma coisa, garanto-te, nenhum te vai saber tão bem como este, porque é o primeiro. Saboreia por isso bem estes momentos, porque são únicos e especiais.

  E, ainda em relação aos livros, queremos todos, Diogo, que com o andamento dos trabalhos em curso, tu completes uma História da Europa antes dos 21 anos e uma História Universal ao chegares aos 25, para assim, depois, poderes, lá para a frente, quando já fores bem velhinho, dedicares-te a outros géneros literários…. Quem sabe, à poesia!!

  Muitos Parabéns e muitas felicidades!

Patrícia Faria

Enviado por Auxília Ramos

sexta-feira, 25 de abril de 2014

25 de abril - 40 anos

QUEM A TEM...
Não hei-de morrer sem saber
Qual a cor da liberdade.
Eu não posso senão ser
desta terra em que nasci.
Embora ao mundo pertença
e sempre a verdade vença,
qual será ser livre aqui,
não hei-de morrer sem saber.
Trocaram tudo em maldade,
é quase um crime viver.
Mas embora escondam tudo
e me queiram cego e mudo
não hei-de morrer sem saber
qual a cor da liberdade.

(Jorge de Sena, Poesia II)

segunda-feira, 21 de abril de 2014

Morreu Gabriel García Márquez

Deixamos, como homenagem, um testemunho de José Saramago sobre o amigo:

Os escritores dividem-se (imaginando que aceitem ser assim divididos…) em dois grupos: o mais reduzido, daqueles que foram capazes de rasgar à literatura novos caminhos, o mais numeroso, o dos que vão atrás e se servem desses caminhos para a sua própria viagem. É assim desde o princípio do planeta e a (legítima?) vaidade dos autores nada pode contra as claridades da evidência. Gabriel García Márquez usou o seu engenho para abrir e consolidar a estrada do depois mal chamado “realismo mágico” por onde logo avançaram multidões de seguidores e, como sempre acontece, os detractores de turno. O primeiro livro seu que me veio às mãos foi Cem Anos de Solidão e o choque que me causou foi tal que tive de parar de ler ao fim de cinquenta páginas. Necessitava pôr alguma ordem na cabeça, alguma disciplina no coração, e, sobretudo, aprender a manejar a bússola com que tinha a esperança de orientar-me nas veredas do mundo novo que se apresentava aos meus olhos. Na minha vida de leitor foram pouquíssimas as ocasiões em que uma experiência como esta se produziu. Se a palavra traumatismo pudesse ter um significado positivo, de bom grado a aplicaria ao caso. Mas, já que foi escrita, aí a deixo ficar. Espero que se entenda.
José Saramago