domingo, 23 de dezembro de 2012

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Prémio Leya 2012

Fica a sugestão: Nuno Carmarneiro.
 

domingo, 16 de dezembro de 2012

Prémio Pessoa para Richard Zenith


A notícia que transcrevemos é do Público.
O escritor norte-americano Richard Zenith é o vencedor do Prémio Pessoa 2012. Zenith é investigador pessoano, tradutor e crítico literário, responsável pela tradução para inglês de autores como Camões, Sophia de Mello Breyner, Drummond e Antero de Quental.
 
O anúncio foi feito, como habitualmente, no Palácio de Seteais em Sintra por Francisco Pinto Balsemão, que preside ao júri também constituído por Fernando Faria de Oliveira (Vice-Presidente), António Barreto, Clara Ferreira Alves, Diogo Lucena, João Lobo Antunes, José Luís Porfírio, Maria de Sousa, Mário Soares, Miguel Veiga, Rui Magalhães Baião, Rui Vieira Nery e Viriato Soromenho-Marques.
 
De acordo com o presidente do júri, Pinto Balsemão, a proposta do nome de Richard Zenith foi feita por duas pessoas exteriores ao Prémio Pessoa: Rui Vilar e Nicolau Santos. Balsermão lembrou que Zenith, nascido nos EUA, se tornou“cidadão de Portugal por dedicação e louvor a uma obra, a de Fernando Pessoa, uma literatura, a nossa, e uma língua, a portuguesa”. É um “estudioso e investigador da obra e figura de Fernando Pessoa, Richard Zenith tem posto o conhecimento acumulado ao longo de décadas ao serviço disciplinado e metódico de uma paixão”, acrescentou.
"Esta investigação conduziu a um entendimento mais consistente de domínios relativamente inexplorados de uma aventura pessoana, registados e fixados nos escritos autobiográficos e na fotobiografia de Pessoa. Com lucidez, Richard Zenith é não apenas um editor da obra pessoana, um explicador da heteronímia, mas também o grande tradutor da sua poética para a língua inglesa", diz a acta do júri sobre o premiado que é natural de Washington DC, tendo obtido a licenciatura em Letras na University of Virginia. Viveu na Colombia, no Brasil e em França antes de se radicar em Lisboa, em 1987.
 
"A dedicação de Richard Zenith à língua e à literatura portuguesas levou-o ainda a traduzir para inglês autores clássicos e contemporâneos como Antero de Quental, Sophia de Mello Breyner, Nuno Júdice e António Lobo Antunes, Richard Zenith conta igualmente com uma produção original de poemas e contos dispersos por publicações várias".
 
O júri lembrou ainda que Richard Zenith foi um dos curadores da exposição "Fernando Pessoa, Plural como o Universo", que esteve entre Fevereiro e Maio na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa. A relação de Zenith com Fernando Pessoa é o centro de uma história que atravessou já fronteiras, sendo uma das mais autorizadas vozes sobre o poeta português.
 
Para o historiador José Sarmento de Matos, Zenith entende a língua portuguesa "na dimensão mais profunda da sua evolução e dos segredos da sua idiossincrasia, levando a palma à maioria esmagadora dos próprios portugueses". O historiador escrevia, em Março deste ano no PÚBLICO, que o trabalho de Zenith era elegante e peculiar, chamado a atenção "para uma ou outra fraseologia menos apurada nos seus contornos" por força do "seu olhar sempre atento." Esta ideia de viagem por entre os textos surgirá de um modo de pensar a escrita de Pessoa.
 
Quando guiou o PÚBLICO na exposição Fernando Pessoa Plural que, depois de apresentada no Brasil se mostrou na Gulbenkian, Zenith falava de Pessoa como "um escritor que estava sempre em movimento e defendia que uma pessoa com uma mente activa não se podia fixar numa só opinião.
Mas a obra de Zenith não se esgota em Pessoa. Camoniano por paixão, o autor foi responsável, em 2009, por traduzir a lírica de Camões numa edição acompanhada por ilustrações de João fazenda. Sonetos e Outros Poemas, editado pela Planeta, mostrava que gostar de Camões e Pessoa não era uma contradição. "Estamos a assistir a um renovado movimento em torno do Renascimento português que faz lembrar a actividade de Jorge de Sena nas décadas de 60 e 70", dizia o autor em entrevista publicada no Ípsilon, sobre um livro que reunia 40 sonetos e outros 12 poemas que pretendiam "representar as várias formas poéticas" da lírica. Escolhidos por Zenith, os textos mostravam "o desconcerto do mundo, a inexorável passagem do tempo ou a experiência de exílio". Se a lírica camoniana é considerada "menor" relativamente a Os Lusíadas, lembrava Zenith, contudo, esta é a "coroa de glória tranquila para uma tumultuosa vida interior".
 


sábado, 15 de dezembro de 2012

T'shirts literárias


T'shirts com obras literárias famosas estampadas na íntegra! A parte cinzenta é constituída por milhões de carateres! (Clicar na imagem para aceder)

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

domingo, 2 de dezembro de 2012

Tempo para ler | dezembro



Prémio Portugal Telecom de Literatura

A notícia é do Público:
 
Valter Hugo Mãe é o grande vencedor da 10.ª edição do Prémio Portugal Telecom de Literatura em Língua Portuguesa. O escritor português recebeu esta noite, numa cerimónia que decorreu no Auditório Ibirapuera, em S. Paulo, no Brasil, o prémio na categoria de melhor romance com a A Máquina de Fazer Espanhóis e também foi o vencedor do Grande Prémio Portugal Telecom 2012.
Valter Hugo Mãe é o grande vencedor da 10ª edição do Prémio Portugal Telecom de Literatura em Língua Portuguesa. O escritor português recebeu esta noite numa cerimónia que decorreu no Auditório Ibirapuera, em S. Paulo, no Brasil, o prémio na categoria de melhor romance com a A Máquina de Fazer Espanhóis e também foi o vencedor do Grande Prémio Portugal Telecom 2012.
"Muito obrigado. É uma honra ser finalista com todos esses escritores com quem fui finalista, estava convencido que Bernardo Kucinski [académico brasileiro que escreveu K., um primeiro romance que se passa na época da ditadura e que recebeu uma menção honrosa] ia ganhar", disse o escritor português, emocionado quando recebeu o prémio de melhor romance das mãos do vice-presidente da PT Brasil, Abílio Martins.
 
Mais tarde, quando voltou ao palco para receber o grande prémio da noite, explicou que tinha de falar devagar para não se comover. “Cresci a escrever muito, mas não achava que ser escritor era algo que eu pudesse ser. Eu escrevia para mim, para fazer a manutenção dos meus dias, para suportar os meus dias. É incrível estar aqui hoje. Agradeço que subitamente eu possa estar mais perto de vocês, mas se calhar mais perto de mim”, disse Valter Hugo Mãe ao agradecer o Grande Prémio Portugal Telecom 2012, para o qual estavam nomeados também os vencedores da noite nas outras categorias.
 
No prémio de romance também eram finalistas o brasileiro Michel Laub, com Diário da Queda (que irá ser publicado em Portugal pela Tinta da China no próximo ano) e o brasileiro de ascendência argentina, Julián Fuks, com Procura do Romance.
 
O artista brasileiro multimédia Nuno Ramos venceu a categoria de poesia com a obra Junco. O escritor, que já foi vencedor do Prémio Portugal Telecom 2009 com Ó, agradeceu à mulher, Sandra, que fez os desenhos deste livro, "uma espécie de cena original de tudo o que ele faz". Na categoria de poesia concorriam ao prémio o poeta português Gastão Cruz, com o livro Escarpas e Zulmira Ribeiro Tavares (Vesúvio), e ainda jovem poeta mineira Ana Martins Marques (Da Arte das Armadilhas).
 
O Prémio Camões 2012, o escritor brasileiro Dalton Trevisan, vencedor das edições de 2003 e 2007 do Prémio Portugal Telecom e que este ano concorreu com o livro de contos O Anão e a Ninfeta, foi o vencedor na categoria de conto e de crónica. O escritor, que não se deixa fotografar desde os anos 60 e vive isolado em Curitiba, não esteve no Auditório Ibirapuera, em São Paulo, mas enviou a representante da editora Record. Além de Dalton Trevisan, eram candidatos os brasileiros Sérgio Sant’Anna que recebeu o prémio em 2004, com O Livro de Praga; João Anzanello Carrascoza, com Amores Mínimos; e Evando Nascimento, com Cantos do Mundo.
 
A cerimónia, que decorreu no auditório no edifício projectado pelo arquitecto Oscar Niemeyer, teve apresentação do cantor e músico Arnaldo Antunes (ex-Titãs) e da actriz brasileira Maria Fernanda Cândido e foram recordadas as várias obras premiadas ao longo dos dez anos do galardão.
 
Já depois de ter publicado o romance A Máquina de Fazer Espanhóis, que saiu em Portugal em 2010, mas só teve edição brasileira em 2011 – o Prémio Portugal Telecom destina-se a obras em língua portuguesa editadas no Brasil durante o ano anterior ao da sua atribuição –, Valter Hugo Mãe publicou um novo romance, O Filho de Mil Homens (Alfaguara, 2011), também ele já divulgado no Brasil, na Cosac Naif. Esta mesma editora irá agora publicar O Apocalipse dos Trabalhadores, o único romance do autor que não teve ainda edição no Brasil
 
Em Portugal, o escritor acaba de abandonar a editora Objectiva/Alfaguara e assinou contrato com a Porto Editora, que irá publicar, em 2013, o seu próximo romance, do qual se sabe apenas que se passa na Islândia.
 
in Público

terça-feira, 27 de novembro de 2012

Feira do Livro CLF

Fernando Pessoa e os seus três heterónimos - Caeiro, Reis e Campos - Alexandre O'Neill e Eugénio de Andrade abrem oficialmente a Feira do Livro CLF 2012-2013!
A diretora pedagógica, Irmã Aurora do Carmo Pereira, inaugura ciclo de homenagem a Camilo Castelo Branco, pela celebração dos 150 anos de "Amor de Perdição", com o registo da abertura do romance, numa inédita "reedição" manuscrita:
 
"Domingos José Correia Botelho de Mesquita e Meneses, fidalgo de linhagem e um dos mais antigos solarengos de Vila-Real de Trás-os-Montes, era em 1779, juiz de fora de Cascais, e nesse mesmo ano casara com uma dama do paço, D. Rita Teresa Margarida Preciosa da Veiga Caldeirão Castelo Branco, filha dum capitão de cavalos, neta de outro António de Azevedo Castelo Branco Pereira da Silva, tão notável por sua hierarquia, como por um, naquele tempo, precioso livro acerca da Arte de Guerra."
 






domingo, 18 de novembro de 2012

90 anos de José Saramago



A Fundação José Saramago assinala os 90 anos do escritor (16 de novembro) com o lançamento de um blogue (aqui) e um concurso (consultar aqui o regulamento).

sábado, 17 de novembro de 2012

"75 anos de história e um palacete"

 
No dia 7 de novembro, decorreu no auditório o lançamento do livro "75 anos de história e um palacete". A iniciativa partiu do Pré-Escolar, sob a coordenação da Drª Cristiana Nogueira, e contou com a colaboração / supervisão estética e artística da Drª Sofia Brandão e da Designer Marina Soares (antiga aluna), que enquadraram as ilustrações dos mais pequeninos (turmas dos 3,4 e 5 anos, ano letivo 2011/2012).
 
                                     
 
Numa cerimónia emotiva e muito especial, que encerrou as comemorações dos 75 anos do Colégio Luso-Francês, foram projetados pedaços da memória coletiva, através de textos de antigos alunos e professores. Na assistência, estavam várias gerações, famílias inteiras que encontraram no CLF a sua casa. 
 
Publicamos as fotografias e alguns dos textos que marcaram a efeméride.






 
 
 Testemunhos

1.
 
A ligação da Família Campos Monteiro ao Colégio Luso-Francês remonta à origem do próprio Colégio, tendo sido várias as gerações que, ao longo destes 75 anos, por esta casa passaram.
 
Nesta ocasião, cumpre à Família Campos Monteiro prestar um profundo agradecimento ao Colégio que, tanto e tão bem, tem contribuído para formar e educar as várias gerações da Família: trabalho árduo de transmissão de valores e princípios que, em muito, tem enriquecido o ideário desta família. Parabéns ao Colégio e a todos quanto fazem parte desta grande família que tanto nos orgulha de ter como seus filhos!
 
75 anos e 4 gerações volvidas, que mais poderemos dizer?
Não basta ter começado, é preciso continuar…
  
Campos Monteiro
 
2.
(…) Nesses anos, pontificavam no Colégio: a figura afável e respeitosa da "Ma Mère"; a austeridade terna da Irmã Ana Maria; a bonomia expansiva do Padre António Lopes; a discrição da Irmã Celeste, a extroversão da Irmã Helena; a reserva eficiente da Irmã Aurora. (…) Tenho boa memória do Professor Paulo Pombo, deixando transparecer no rosto de matemático o lirismo inspirado da letra de "Os amores do estudante"  (…) e da Professora Manuela Milheiro, com sua simpática tranquilidade histórica.
Eu tinha sido solicitado, (…) para dar uma colaboração ao Colégio na docência da Literatura Portuguesa, o que, por absoluta falta de tempo e com muita pena minha, só pude prolongar por dois anos letivos, os suficientes, porém, para guardar até hoje uma
gratificante recordação dos valores educacionais e da cultura de qualidade de ensino que ali se respirava, para benefício dos alunos e das suas famílias.
Nunca tendo perdido verdadeiramente o contacto com o Luso-Francês, especialmente através da Irmã Ana Maria, que jamais se esquecia de me mandar um cartão de aniversário ou de me telefonar no dia dos meus anos, retomei mais de perto o meu interesse pelo Colégio, quando a minha neta, Leonor Miguel, em
iluminada decisão dos seus pais, aqui iniciou a sua escolaridade (…).
Professor Doutor Salvato Trigo
(Reitor da Universidade Fernando Pessoa)
 
 
3.
 
(…) O que aqui deixo são memórias. Memórias que partilho numa deriva despreocupada por pedaços de vida, experiências, emoções, sentimentos… O sabor dos gelados da “casinha” (que inauguravam os primeiros dias de calor, ou que anunciavam o final das aulas e o início das férias de verão); o cheiro da cera fresca no soalho que perfumava o início de cada período letivo; os risos que rolavam nos eventos festivos; as lágrimas dos insucessos ou desencantos; os segredos das primeiras paixões; as cumplicidades partilhadas a propósito de tudo e de nada; a emoção de um qualquer encontro fora dos muros do colégio e longe da vigilância da Irmã Ângela; os passeios na quinta à conversa com o Sr. António; as palavras doces ou ásperas, mas essenciais; o casamento celebrado na capela; a ansiedade do primeiro dia de aulas como professora (…) o constrangimento da entrada na sala de professores, durante muito tempo território interdito; a angústia da primeira avaliação dos alunos; o choro de uma filha na hora do batismo; o afeto dos novos amigos que alicerça a nossa vida; a perda de velhos amigos que nos fragiliza; as memórias que foram nossas e que passam a ser nós próprios…
Tudo isto vem à memória e tudo isto faz do Luso-Francês não apenas uma casa de educação, mas um “lar”(…)
Auxília Ramos (Professora e antiga aluna)
4.
 
Passaram-se doze anos desde que deixei o colégio, mas ele sempre esteve como pano de fundo, como pensamento atrás de um pensamento, em vários momentos da minha vida. Escolhi ser professora talvez porque não me imaginava a fazer algo que não fosse a continuação daquilo que o colégio me deu. E porquê? Porque no colégio eu sentia-me bem. Sentia-me bem. Quem lá estudou entenderá o que quero dizer; quem lá estudou não precisará de muito mais explicações. O colégio era como uma casa. Era a nossa segunda casa. E porquê? Porque os corredores da infantil cheiravam a pão com manteiga e a iogurtes, e os cubículos dos pianos a pó e a maçãs. Porque havia uma janela à saída da quinta que era perfeita para se ler A História Interminável. Porque os passos ecoavam pelo refeitório vazio e escuro enquanto se esperava pelas aulas de ballet. Porque havia portas e corredores e escadas que davam para recantos proibidos onde cresciam histórias e fantasmas e tudo o que não existe. Porque chovia lá fora, mas lá dentro se falava sobre contos e poemas e livros de maravilha, em aulas onde se sonhava muito – e essas aulas eu nunca hei de esquecer, pois ainda hoje são o meu modelo, e os professores que as davam aquilo a que aspiro ser, e sempre que me sinto perdida basta-me pensar “no colégio fazia-se assim” para tudo se tornar mais claro.
Natália Fernandes Costa Lima (Professora e harpista)
 
 
5.
Durante catorze anos, ininterruptamente, passei uma grande parte do meu tempo de vida no Colégio Luso-Francês. Todos os dias, de manhã, radiante de alegria, entrava pelo portão verde, onde me iam buscar à tarde, a uma hora que parecia sempre demasiado cedo. Dentro daqueles muros, fui desenvolvendo os meus sonhos e imaginando o que seria a vida “um dia”, quando a minha passagem pelo Colégio tivesse chegado ao fim. Hoje percebo que não tenho que recear esse dia, pois não há risco de ele chegar. A minha passagem pelo Colégio prolongou-se nas amizades, nas memórias e no uso diário que faço daquilo que lá recebi.
Talvez esteja diferente, hoje, o Colégio. Para mim, continua igual. Sempre igual. Um porto seguro onde posso voltar quando quero ou quando preciso. Ali recebi uma combinação de competências que me permite, a centenas de quilómetros e a vários anos de distância, não duvidar de mim própria na caminhada da vida. Ali recebi a minha instrução, mas também uma orientação moral e religiosa que me acompanha e me aconselha. Quantas vezes, em pensamento, volto à nossa Capela e peço, para os meus filhos, a mesma sorte que tive com a Casas onde cresci.
 
Luísa Tender (Pianista)
 
6.
A experiência vivida no CLF foi muita enriquecedora, não só pela elevada qualidade pedagógica, mas também pela proximidade humana e cultura de valores que caracterizam esta instituição. A chegada do meu irmão e de mim ao CLF fez-se em condições difíceis em que tudo era absolutamente novo, inclusive a língua portuguesa então totalmente desconhecida. O carinho com que fomos recebidos tanto pelas irmãs, pelos professores e sobretudo pelos outros alunos foi extraordinário e ficará para sempre na minha memória. A integração foi imediata e o novo desafio apresentado ao corpo docente foi por eles superado, não tendo sido necessário repetir nenhum ano escolar. É com um carinho muito especial que quero agradecer aos meus colegas e aos professores pela incansável dedicação e ajuda dada na altura. Hoje em dia, é com orgulho que considero muitos desses colegas e professores amigos. Um forte abraço a todos e um muito obrigado ao Colégio Luso-Francês.
 
Mathieu Neuforge (Comandante da TAP)
 
7.
 
 
Fui para o Luso-Francês com a referência de que tinha sido a escola onde a minha mãe já tinha estudado e, por isso, era já uma casa que me era familiar.
 
Recordo-me como foi o meu primeiro dia. Setembro, algures na primeira quinzena do mês, entrei no Colégio, com uma pasta que quase ultrapassava a minha capacidade física. As escadas da parte antiga, em direção ao ciclo, pareciam intermináveis, gigantes obstáculos. A sala era logo a primeira! Tinha borboletas na barriga, ali ia começar uma nova etapa, ali ia conhecer os meus amigos! Rapidamente, tudo se tornou familiar, desde dos professores até à metodologia de trabalho. Fui criando amizades que hoje permanecem como pilares.
(…) Na memória do Luso-Francês tenho pormenores, cheiros, momentos: houve dificuldades, pequenas vitórias e conquistas; houve dias de lágrimas, houve dias de euforia, houve tempo para quase tudo, desde o primeiro beijo à pela primeira negativa ou à primeira atuação de piano em público!
Joana Branco (Jornalista)
8.
Há momentos como este, em que compreendemos que há lugares em que já não cabemos, lugares de onde é preciso partir.
Gosto de pensar nas memórias como raízes. Gosto de pensar em nós como sementes.
Se algum dia aqui voltar pergunto-me se não me chegarão a aparecer os risos das crianças no recreio mesmo que não esteja lá ninguém, se não voltarei a ver-nos naqueles dias felizes, em que subíamos às árvores e esperávamos pela hora da refeição, sem tempo para mais.
Espero por estes sítios como se espera voltar a casa.
E se calhar tudo isto nem faz tanto sentido assim, mas há coisas que não se explicam, há cheiros e risos que não se esquecem, há abraços que
queimam para sempre e palavras demasiado densas por dentro de todas as recordações.
A verdade é que há momentos tão bons que nos deixam uma espécie de estigma aflitivo, como se soubéssemos para sempre que voltar atrás é voltar às mesmas pessoas.
'E agora?'
Agora, há passos que temos de dar, foi para isso que nos preparámos ao subir às árvores e partilhar o pão, porque há sempre algo a conquistar e pão a partilhar com alguém.
Entretanto há sítios a que, forçosamente, regressaremos, e mesmo que não chegue a faculdade ou o emprego ou a família, há sempre uma casa à nossa espera. Nem que seja a das nossas memórias afetivas.
Francisca Pereira (Psicóloga)
9.
O meu nome é Marina Soares. Entrei nesta casa aos 4 anos e nela permaneci até aos 18, quando terminei o ensino secundário. Frequentei a ESAD, onde me licenciei em Design de Comunicação, com mestrado em Comunicação e Publicidade, na ELISAVA, Barcelona, e trabalho atualmente no gabinete Providência Design, na nossa cidade.
Há pouco tempo fui convidada a regressar a esta casa, embora nunca a tivesse abandonado em definitivo. Quem frequenta o Luso-Francês, nunca o abandona, guarda sempre na memória os mais importantes momentos ou os mais triviais acontecimentos. Quem vive o Luso-Francês faz deste lugar uma verdadeira casa, que se torna cada vez mais sólida, porque há laços que são definitivamente inquebráveis.  
Mas, desta vez, regressei a convite da Drª Cristiana Nogueira, psicóloga e coordenadora pedagógica do ensino pré-escolar, e pela mão de uma mestra e de uma amiga, a Drª Sofia Brandão, com quem dei os primeiros e definitivos passos na área das Artes.
Se, num primeiro momento, o convite me surpreendeu, logo o entusiasmo nasceu e, em muito menos tempo, o projeto arrebatou-me por completo. Tratava-se de dar forma, ou melhor, de dar um enquadramento a desenhos dispersos, realizados por crianças de 3,4 e 5 anos que, tal como eu outrora os vira, veem os espaços do colégio com uma dimensão e uma magia que só o olhar de uma criança consegue vislumbrar. Como dizia, o arrebatamento foi tão intenso que rapidamente me tornei elas, uma delas, e já não eu, o eu deste agora, deste momento.
E, então, eu era a menina pequena que, diante do palacete tão grande, se sentia esmagada pelas suas dimensões de gigante.
Eu era a menina que, iniciada na magia da leitura, tentava descodificar o sentido oculto nas letras que formavam a palavra-passe gravada na pedra – Sêde bem-vindos.
Eu era a menina que perscrutava e tentava decifrar o significado de todas as figuras e elementos decorativos do fresco da capela, alguns já apagados pela passagem do tempo.
Eu era a menina que brincava debaixo do jacarandá que, ciclicamente, renascia num milagre de cor e que me protegia com o seu enorme chapéu de sombra.
Eu era a menina que se interrogava sobre a vida de aventura do S. Francisco de Assis, que era irmão de todos os animais, mesmo do lobo, o tal animal mau que perseguia o capuchinho vermelho.
Eu era a menina que, no mês de maio, depositava aos pés da Virgem uma flor natural ou de papel e que estava convicta que a Virgem sorria apenas e só para mim…
E, progressivamente, o convite que me foi dirigido, sem qualquer outra intenção, transformou um simples mas apaixonante trabalho técnico num exercício de memorização, de revisitação de lugares onde eu fui, apaixonadamente, criança. Fui feliz? Responderei com as palavras do grande poeta Pessoa – Fui-o outrora agora.
Espero, com esta minha viagem pelas memórias destes lugares seja também para os pais destes pequenos artistas uma viagem guiada pela emoção do traço e da cor aos lugares que os filhos frequentam e dos quais, certamente, ouvem contar histórias, mais ou menos fantásticas, mas todas elas com a marca indelével de quem viveu e vive nesta casa.
Finalmente, as minhas palavras de agradecimento. Não tão só pelo convite em cooperar num projeto que assinala os 75 anos do Colégio Luso-Francês, mas pelas memórias que esse projeto desencadeou, fazendo acordar um imaginário adormecido, sufocado pelo tumulto voraz dos dias que se atropelam e que, muito raramente, nos dão tréguas para apreciarmos o que a vida nos oferece de sonho e de encantamento.
Muito obrigada a todos que, nesta casa, me ajudaram a crescer – irmãs, professores, auxiliares, colegas – a quem eu regressei e quem reencontrei nas páginas deste livro.
 
Marina Soares (Designer)

Missa dos Quilombos


A propósito do estudo do Sermão de Santo António aos Peixes, de Padre António Vieira, acérrimo defensor da liberdade dos índios brasileiros, um grupo de alunos do 11ºano assisitiu a uma espetáculo musical único. A iniciativa partiu da Pastoral do Colégio.
 
Um elenco de 21 atores e oito músicos dá corpo a uma das obras mais emblemáticas de Milton Nascimento: Missa dos Quilombos. Uma obra histórica, com textos do arcebispo Pedro Casaldáliga e do poeta Pedro Tierra, estreada em 1981 e revisitada nos últimos dez anos pela Companhia Ensaio Aberto, uma estrutura carioca de forte vocação crítica e política. Missa dos Quilombos instala-nos numa central elétrica com várias dezenas de máquinas diferentes, trazendo para a linha da frente a história dos negros no Brasil. Adotando a estrutura padrão de uma missa, o espetáculo cruza o ritual católico e expressões da cultura afro-brasileira, numa sinestésica fusão de sons, cores, cheiros, danças e ritmos.
 
Com direção de Luiz Fernando Lobo, esta “missa revolucionária” canta uma história de opressão, mas também uma esperança indómita e um desejo imenso de liberdade.
(Texto adaptado do sítio do TNSJ)
Enviado por Auxília Ramos