domingo, 31 de agosto de 2008

11ºAno

Os Maias, de Eça de Queiroz

Deixo o vídeo da produção luso-brasileira. Espero que funcione como motivação para a leitura da obra-prima de Eça (para os que ainda não leram...).


segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Tempo para ler

O livro de Memórias de Jorge Amado (Ou Apontamentos para um livro de memórias que jamais escreveu...)






"Se devoro livros até hoje, eu o devo ao pai Dumas, o mulato Alexandre, foi ele quem me deu o gosto de ler, o vício: aos onze anos encontrei abandonado no navio para Itaparica o exemplar de Os Três Mosqueteiros, contraí o vírus da leitura para sempre.

Devo a Rabelais e a Cervantes, deles nasci. Devo a Dickens: me ensinou que nenhum ser humano é de todo mau, a Gorki: me deu o amor aos vagabundos, aos vencidos da vida, os invencíveis. Devo a Zola, com ele desci ao fundo do poço para resgatar o miserável, a Mark Twain devo ter soltado o riso, arma de combate, a Gogol, o nariz, as botas e o capote.

Devo a Alencar o romantismo e a selva, a Manuel António de Almeida a graça da picardia, do burlesco, na praça do povo soltei o verbo com Castro Alves, denunciei a infâmia, com Gregório de Matos aprendi a generosidade do insulto, fui boca de inferno, cuspi fogo, pela sua mão descobri as ruas da Bahia, o pátio da igreja (...).

Devo ao cronista anónimo do Mercado, ao contador de casos da feira de Água dos Meninos, ao trovador devo o arroubo, a invenção ao mestre de saveiro: namorou Yemanjá nas cercanias da ilha de Itaparica, dormiu com Oxum no leito de águas mansas do rio Paraguaçu, possuiu Euá na cachoeira de Maragogipe, derrubou-a na fonte de caracóis e pétalas de rosa. É necessário saber e inventar.

Devo ao poeta de cordel, devo."

Jorge Amado, Navegação de Cabotagem