terça-feira, 30 de outubro de 2012

Lobo Antunes na Escritaria 2012



Vale a pena ouvir a entrevista à TSF, sobre a homenagem, em Penafiel (clicar na imagem):

 
Sugestão enviada por Auxília Ramos e Lina Soares.









 



segunda-feira, 29 de outubro de 2012

terça-feira, 23 de outubro de 2012

90 anos de Saramago em Nova Iorque



















Os 90 anos do nascimento de José Saramago, falecido em 2010 aos 87 anos, vão ser assinalados entre 25 de outubro e 1 de novembro pelo Art Institute de Nova Iorque, numa iniciativa realizada em colaboração com a Fundação José Saramago e o patrocínio de várias entidades.
Para mais informações:

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Ainda Manuel António Pina...

O blogue O Mar Parece Azeite (clicar) presta (justa e poética) homenagem.

Sugestão enviada por Auxília Ramos.

domingo, 21 de outubro de 2012

Ainda Manuel António Pina...

Manuel António Pina e Fernando Pessoa: o fingimento poético
(retirado de http://www.educaremportugues.com/)

   "Eterna criança, o homem é naturalmente atraído pelo carácter fundamentalmente lúdico que anima todas as formas de arte, pelos jogos de palavras, pelo misterioso poder que têm as palavras, não só para designar o  mundo, mas também para criar o mundo. De facto, a literatura é, sobretudo, uma arte de fazer de conta; é, como Blanchot diz, ilusão; ou fingimento, como, por sua vez, diz Pessoa. Quando lemos um livro, suspendemos a incredulidade. À porta de qualquer obra literária está sempre a inscrição: “Para aqui entrares, tens que fazer de conta que acreditas”.

   O poeta [a poesia é o campo de observação por excelência da literatura pois a poesia é, talvez, literatura em estado puro] o poeta, dizia eu, escreve, ou faz de conta, com a mesma seriedade com que uma criança  brinca. As fronteiras teóricas entre literatura e verdade, entre Dichtung e Wharheit, são, como nos jogos infantis, hesitantes e imprecisas. Para os românticos [e românticos, ou seus herdeiros, todos nós somos, ou ainda menos] a dor é a mãe de toda a verdadeira poesia. Mas a dor e o sofrimento sinceros, isto é, sem fingimento, são a mãe [e o pai, e a família toda] da maior parte da má poesia que se escreve. Muita da grande poesia pode ter nascido da dor, mas o que a autonomiza da dor e a diferencia do mero espasmo doloroso é o fingimento, a capacidade de o poeta fingir “a dor que deveras sente” tornando-a poeticamente verdadeira. A poesia é forma, e essa é a sua verdade. Se a dor do poeta que eventualmente terá gerado o poema é “verdadeira” ou “falsa”, a sua verdade por assim dizer “vivida”, é assunto, como diz Jacobson, com interesse apenas para a Medicina Legal. (...)

   Na poesia, as palavras e as suas relações são as formas que os nossos sentimentos ou a memória deles tomam. Com elas, o poeta, como a criança brincando, cria, escrevendo, uma verdade outra, tão ou mais verdadeira. Uma verdade autónoma, cuja autenticidade não depende da verdade ou  da não-verdade do sentimento [e quem diz sentimento diz pensamento ou mera impressão ou emoção] que eventualmente lhe terá estado na origem. "
 
Texto completo aqui.

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Homenagem a Manuel António Pina

O que não pode ser dito
guarda um silêncio
feito de primeiras palavras
diante do poema, que chega sempre demasiadamente tarde,

quando já a incerteza
e o medo se consomem
em metros alexandrinos.
Na biblioteca, em cada livro,

em cada página sobre si
recolhida, às horas mortas em que
a casa se recolheu também
virada para o lado de dentro,

as palavras dormem talvez,
sílaba a sílaba,
o sono cego que dormiram as coisas
antes da chegada dos deuses.

Aí, onde não alcançam nem o poeta
nem a leitura,
o poema está só.
‘E, incapaz de suportar sozinho a vida, canta.’

Manuel António Pina

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

França condecora a escritora Dulce Maria Cardoso

A edição dos livros Campo de Sangue (2002), Os Meus Sentimentos (2005) e Até Nós (2008), já traduzidos em França e noutras línguas, valeu à escritora Dulce Maria Cardoso (n. 1964) a condecoração francesa de Cavaleira da Ordem das Artes e Letras.
 
O Ministério da Cultura francês justifica a distinção pelo papel que a obra da escritora tem na "irradiação da cultura em França e no mundo".
 
Criada em 1957, a condecoração da Ordem das Artes e das Letras corresponde a uma das mais altas distinções honoríficas da República Francesa e homenageia personalidades que se destacaram pela sua contribuição na difusão da cultura em França.
 
Dulce Maria Cardoso, que em 2009 recebeu o Prémio Europeu de Literatura pelo romance Os Meus Sentimentos, é autora do livro de contos Até Nós e do romance O Chão dos Pardais publicado em Portugal em 2009. Em 2011 publicou O retorno, sobre a experiência dos retornados, da descolonização de Angola (de onde saiu na infância, via Ponte Aérea), do fim do Império e das suas consequências no Portugal contemporâneo. O romance foi considerado pela crítica como o melhor do ano e venceu ainda o prémio especial da crítica nos Prémios LER/Booktailors 2011.
 
A escritora nasceu em Trás-os-Montes em 1964, passou a infância em Angola e vive agora em Lisboa. Formou-se na Faculdade de Direito de Lisboa e o seu primeiro romance Campo de Sangue recebeu o Grande Prémio Acontece de Romance.
 
in "Ípsilon", revista cultural do Público, aqui.
 


 


terça-feira, 16 de outubro de 2012

CCB no CCB

 

        Consultar o programa aqui.

sábado, 13 de outubro de 2012

Prémio Nobel da Literatura para Mo Yan

Direitos de autor: WOOK. Clicar na imagem para aceder à bibliografia do autor.
 
A Academia Sueca atribuiu nesta quinta-feira o Prémio Nobel da Literatura ao escritor chinês Mo Yan.
Um dos mais celebrados escritores no seu país, embora não isento de polémica, Mo Yan faz habitar a sua obra de um humanismo compassivo, habitualmente centrado na ruralidade da localidade em que nasceu a 5 de Março de 1955, Gaomi, na província de Shandong. O escritor, que lançou o seu primeiro romance, Falling Rain On a Spring Night, em 1981, mereceu a mais nobre distinção do mundo da literatura por ser, segundo comunicado pelo comité do Nobel, um autor "cujo realismo alucinatório funde contos tradicionais, História e contemporaneidade". A sua escrita, como é aliás reconhecido pelo próprio, é grandemente influenciada por William Faulkner, Gabriel Garcia Marquez.
in Público, 11 de outubro de 2012. Ver artigo completo aqui.

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Conto inédito de Sophia

A notícia foi publicada no Jornal de Letras:
 
"Os Ciganos", conto inédito de Sophia
 
 
É sabido que quem conta um conto, acrescenta-lhe um ponto. Mas não é esse o caso de Os Ciganos. Trata-se antes de uma história a quatro mãos, quase um pergaminho ou uma 'jóia de família'. É um conto inédito e inacabado de Sophia de Mello Breynner Andresen e concluído pelo neto, o jornalista Pedro Sousa Tavares. Vai ser lançado pela Porto Editora, com uma sessão de apresentação, a 16, às 19, na livraria Bertrand Chiado. A Porto Editora, como o JL pode adiantar, adquiriu, de resto, todos os direitos de publicação da obra em prosa de Sophia. A 6 de novembro, data de aniversário da escritora, serão lançados os primeiros títulos com a chancela: A Menina do Mar, com ilustrações de Fernanda Fragateiro, A Fada Oriana, com ilustrações de Teresa Calem, e Quatro Contos Dispersos, ilustrados por João Caetano. Os Ciganos, em pré-lançamento nas livrarias virtuais, tem ilustrações de Danuta Wojsiechowske.
 
Foi na Primavera de 2009 que Maria Andresen, poetisa e professora universitária, a filha de Sophia que tem cuidado do seu espólio, se deparou, entre outros inéditos, com um conto enunciado, iniciado e intitulado Os Ciganos, que surpreendeu desde logo pela "singularidade" no universo das suas obras para crianças. "Há algo de inesperado neste início de uma história, quer por aquilo que conta, quer por aquilo que não chega a contar", escreve Maria Andresen no prefácio. "Em vários contos, há semelhanças com o que aqui chega a ser contado, mas ao mesmo tempo, muitas dissemelhanças".
Embora não estivesse datado, nomeadamente por comparação caligráfica, deduz-se que tenha sido escrita em meados dos anos 60. E parece vocacionado para o público juvenil. Curiosamente, termina no preciso momento da narrativa em que o personagem Ruy, que "já não era um rapaz pequeno, mas ainda não era um rapaz crescido", como escreve Sophia, e "pensava na liberdade", saltava o muro para descobrir o mundo do outro lado, na senda de um grupo de ciganos. "Neste conto, o muro foi saltado, o jovem partiu, mas é aí que a narradora emudece, como que tão perturbada quanto Ruy pelo que se poderá seguir", escreve ainda Maria Andresen.
 
Por si, esse início pareceu-lhe ter uma unidade e fazer sentido trazê-lo à "luz do dia". Mas mais tarde, quando se pensou na sua publicação, pôs a hipótese de esse início funcionar como um "motivo literário aberto a ser continuado por outras mãos". E pensou no irmão, Miguel Sousa Tavares, atendendo à circunstância de ter publicado também livros infanto-juvenis. Porém, o escritor quis ouvir os filhos. A questão que se impunha era mesmo saber da pertinência da publicação deste conto. "Criminoso" seria não o fazer, não hesitou responder Pedro Sousa Tavares. É que achou tão "bom" o que leu que seria pena não o divulgar. "Era um início quase como um guião. Estavam lá todos os sinais do que iria ser a história", adianta o jornalista ao JL. "Corresponde a cerca de um terço do livro e, de alguma maneira, acabava no momento em que ia começar a desenvolver-se". Pensa, aliás, compreender as razões por que a avó deixou de lado esse original: "É uma história que tem sentidos distintos dos seus livros infantis. A relação entre o rapaz e a rapariga é diferente e são de mundos diferentes. Talvez isso tivesse criado algumas dificuldades na continuação da história", salienta. Pedro Sousa Tavares não se limitou portanto a pugnar pela sua publicação, teve algumas ideias para dar continuidade a essa narrativa que a avó deixara interrompida há tanto tempo. O mesmo é dizer que encontrou o fio da meada ficcional. Avançou essas ideias ainda sem pensar concretizá-las. A sua escrita é outra, ainda que secretamente tenha os seus escritos literários na gaveta. Talvez haja mesmo um qualquer gene responsável pela predisposição literária. E a questão se pode ser de ADN, tornou-se sem dúvida de família, já que a tia, Maria Andresen, acolheu bem as sugestões e disse-lhe que acabasse então a história da avó. Houve uma espécie de coincidências do destino, pois tinha acabado de nascer o seu segundo filho e a licença de paternidade permitiu-lhe mais tempo disponível para escrever. Tudo se conjugou para um final feliz.
 
Dar seguimento a uma narrativa de Sophia não é tarefa fácil, mesmo sendo no caso a avó, que lhe havia contado muitas e até explicado como as começara a escrever para os filhos, por achar que as existentes não a satisfaziam. Pedro Sousa Tavares não ignorava as "implicações", as possíveis consequências ou desconfianças. Mas confessa que nem pensou duas vezes: "Era uma oportunidade que não poderia recusar. Se o fizesse, passaria o resto da vida a pensar o que poderia ter feito daquela história", adianta. E se teve medo, espantou-o com uma certeza tranquilizadora: "Seria absurdo tentar imitar a minha avó, o que resultaria numa caricatura. Pensei sobretudo respeitar o que era essencial na sua escrita: a simplicidade". Dito de outra maneira: Não iria nem tentar escrever como Sophia, mas nunca a perderia de vista na memória, enquanto escrevesse. E assim fez. "A verdade é que Sophia está em todo o livro, num excerto que ela escreveu e aparece na minha parte, nas descrições de personagens que têm as características dela", diz ainda. Seguiu o seu rumo, a "mensagem que a história tinha inscrita nas primeiras linhas". Espera agora que Os Ciganos sejam lidos como um "todo". As partes de Sophia e de Pedro Sousa Tavares estão devidamente diferenciadas, mas os leitores por certo, mesmo dando pelas diferenças, vão seguir a leitura sem sobressaltos. "A minha esperança é que, ao fim de algumas páginas, esqueçam as diferenças e sigam apenas a história e a apreciem como tal. Se isso acontecer, já fico satisfeito".
 
E se a avó Sophia, de algum modo, lhe legou este "presente", também lhe transmitiu um ensinamento que agora, porventura como nunca antes, faz sentido: "As histórias têm que merecer ser lidas e cativar os leitores", diz. "Espero ter continuado o que ela estava a fazer bem, nesta história". Tanto mais que vinda do passado, pode falar ao presente. "É um livro sobre a transcendência, sobre a vontade de ir além do que os outros esperam. E sobre a importância de ter sonhos e não desistir deles. Também por isso acreditei que era uma história que fazia sentido nos tempos que correm, sobretudo para os mais novos", sublinha. "Isto além do próprio tema, os ciganos, que é pouco tratado, ainda menos na literatura infantil e juvenil. E curiosamente esta história chegou-me numa altura em que os ciganos estavam a ser expulsos de França. Parece mesmo que estava destinada a ser contada".
Maria Leonor Nunes, 2 de outubro de 2012