sexta-feira, 23 de março de 2012
"Alma" e dia mundial da poesia
No dia da poesia, fomos ao teatro ver a excelente adaptação cénica do Auto da Alma de Gil Vicente, da responsabilidade de Nuno Carinhas – ALMA.
E no teatro não deixamos de nos cruzar com a poesia, a poesia de Teixeira de Pascoaes, em Deslumbramento e Minha aldeia na Páscoa…
Caminhamos com a Alma e assistimos ao milagre, de mundo em mundo, repetido…
Partilho convosco um olhar poético de um amigo que acredita que, enquanto fazemos poesia, caminhamos e não nos rendemos à morte antecipada:
é muito tarde e dói-me a alma
o dia trouxe-me uma coroa que não queria, de espinhos –
mas esta alma é forte como os ventos, dura como os diamantes
esta alma não se rende, não se rende nunca
esta alma que é minha, misturada com o sol e com a lua
é como um barco feito de artérias e sangue;
correndo, correndo sempre na linha direta do horizonte
qual funâmbulo
sem medo da queda nem de afogamento
lá longe
onde se junta mar e firmamento –
esta alma não é pura não é branca nem é suja
é uma alma que acredita
e por mais que doa a alma, há sempre caminho
os pés cansados, os dedos moídos e a corrida
e por mais que doa a alma, revela que existe
que é humana e que há vida –
José Ferreira, março 2012
Enviado por Auxília Ramos
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