segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Oficina de Leitura 11ºAno

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Publico o resultado da Ofcina de Leitura de 11ºAno dedicada a Richard Zimler e a Os Anagramas de Varsóvia, entre outros. Deixo, como introdução e mote, o texto enviado pela Drª Auxília Ramos ao autor:
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Sou uma das professoras do Colégio Luso-Francês que teve a honra de estar presente na sessão que tão amavelmente proporcionou aos nossos alunos. As reacções foram muito calorosas, como certamente constatou, e, se não fossem os limites que o tempo sempre nos impõe, a conversa com os alunos ter-se-ia prolongado pela tarde.Como modesta recompensa pela disponibilidade e simpatia demonstradas, envio-lhe, em anexo, dois dos trabalhos que os alunos realizaram no âmbito da Oficina de Leitura; no caso deles, dedicada particularmente à leitura do seu último romance "Os Anagramas de Varsóvia". São testemunhos de uma leitura entusiástica e motivadora, e de um sentido apreço pela inegável qualidade do seu trabalho literário.Testemunhos que comprovam que também estes jovens leitores experimentaram o que um dia o Richard afirmou numa entrevista, a propósito do seu trabalho de criação de um outro romance, "À Procura de Sana": «Preciso de cheirar, de ver as pessoas, de saber como se vestem.» Foi exactamente esta necessidade que os levou a irem para além das páginas do romance.Ficaremos a aguardar as suas reacções, quando lhe for possível.Espero que possamos repetir novos encontros, porque naquela breve "conversa" todos nós sentimos o que sempre afirma: "A escrita é para mim um processo mágico". E essa magia contagiou os nossos alunos e também a nós, professores e leitores. Obrigada por partilhar!
Auxília Ramos
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A leitura de “Os Anagramas de Varsóvia” foi fantástica, mas, apesar de todas as descrições me proporcionarem imagens mentais, eu queria saber mais do guetto. Lembrei-me então de realizar um mapa; espantaria, quem sabe, os que já leram o livro, e criaria interesse nos que ainda não o tinham feito.
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Pesquisei imagens do guetto, plantas, fotografias, tudo o que servisse para demonstrar o que ele era, fisicamente. Encontrei algumas imagens e informações pertinentes, e, guiado pelas descrições do livro, consegui elaborar o meu próprio mapa.

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O primeiro a fazer era delimitar o guetto (linha preta). Para isso procurei alguns mapas e descobri os locais nos quais o muro delimitava a fronteira entre o território dos judeus e o resto do mundo. Encontrei também as portas, guardadas pelos nazis, que permitiam a entrada no guetto, ainda que só por eles autorizada (balões laranjas). A fronteira entre a parte Norte e a parte Sul, também descrita no livro, está representada com a linha laranja.

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Algo que sempre me fascinou foram as passagens secretas de que os judeus dispunham para escapar do guett, ou para apenas visitar o «outro lado». Desta forma, utilizando o livro, fui capaz de assinalar (estrela) alguns destes locais. Consegui ainda assinalar outros espaços: a casa de Erik, utilizando até uma fotografia da rua tirada em 1943, a oficina do Izzy, o Teatro Nowy Azazel e ainda o Conselho Judaico, este último com uma foto tirada depois do incêndio que o arrasou. De seguida, delimitei as áreas ocupadas pelos cemitérios católico polaco, luterano e judeu.

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Por último, e para incitar à leitura do livro por parte dos meus colegas, coloquei, em alguns pontos do mapa, questões que apelam ao mistério e à curiosidade de saber mais.
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Link do mapa que construí:
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Sendo um livro com uma temática tão presente, custou-me particularmente a ler “Os Anagramas de Varsóvia”, não pelo facto de ser um policial situado numa época de tanta controvérsia e desordem, mas porque Richard Zimler consegue, magistralmente, o objectivo de nos fazer percorrer, com avidez, as suas páginas. Consentiu que eu me entregasse a uma personagem que não me pertencia. (Deixou-me encarnar a alma dessa figura.). Conseguiu que eu sofresse com os cheiros, decompondo o meu próprio corpo. Richard Zimler guiou-me pelas ruas do Gueto de Varsóvia, apresentando-me um universo a preto e branco, um mundo de doenças e vergonha, um lugar condenado. E, quase como se me purificasse, deixou-me atravessar o arame farpado, fazendo-me sentir os aromas de um outro lugar, “puro”, um espaço de cor e engano. Finalmente, um livro que me envolveu do princípio ao fim. Um livro que me levou pelas palavras, inovando-me.
Ana Catarina Tonel Monteiro

1 comentário:

auxília disse...

Resposta enviada pelo escritor no dia 7 de Janeiro 2009:


Dear Auxília,
Fico muito impressionado pelo trabalho do Francisco e da Catarina. Mando-lhes os meus parabens! É obvio que a leitura do meu livro provocou neles a necessidade de fazer pesquisa sobre a cidade de Varsóvia durante a Segunda Guerra Mundial. Como escritor, isto dá-me muita satisfação.
Obrigado por enviar-me os excelentes trabalhos.
BOM ANO NOVO ao Francisco e à Catarina e à Auxília!
Com os meus melhores cumprimentos,
Richard