domingo, 4 de maio de 2008

Memória de Viagem 10ºAno

Viagem sem sair do sítio


Viajei num dia de chuva. Madrugada madrugante, e eu, madrugadora. Blocos negros pesavam nas mãos. Levava o cansaço a roer-me a vista e o sono a destruir meu equilíbrio. Repentinamente, ouvi daqueles apitos irritantes dos aeroportos. Din, din, din. Seguido da voz desinteressada "Avisamos os passageiros do voo 2B70 que se podem dirigir à entrada A". Éramos nós. Arrastei-me pelo detector de metais e, três quartos de hora depois, entrei no avião. Viagem estafante que me cansou até à medula. Dormi toda a viagem. Acordei com o embater das rodas no asfalto.


Já bem acordada - era impossível não o estar depois daquele chinfrim - desci de novo para a "confusão aeroporteira" e corri atrás das malas. Todas presentes. Finalmente fora do aeroporto. "Táxi" em todas as línguas que se imaginam nos livros. Entrei nos estofos cardados de podridão e ouvi o senhor a dizer coisas que não me interessavam, a uma velocidade a que nada se percebia, sobre pessoas que não conhecia. Parou no hotel pretendido, estendendo as mãos por uns pedaços de papel verde. Hotel luxuoso sem dúvida. Candelabros de oiro e sofás de prata. Sophia e Mello Breyner dissera "Há cidades acesas na distância", pois eu adaptei: "Há hotéis acesos na proximidade". Dirigi-me ao homem que se erguia hirto atrás do balcão. Ditei-lhe meu nome, mas ele garantiu-me que não tinha nenhuma marcação. Deve ter pesquisado no Google - eu bem vi através do vidro - quem eu era e, quando descobriu, sorriu e ofereceu-me desculpas dirigindo-me ao melhor quarto do edifício.


Estava esgotada. Fechei a porta e caí na cama. Não parecia ter passado um único segundo até acordar. A minha cama não era a mesma e o quarto havia-se apertado. À porta, estendia-se um corredor com uma porta que dava para a casa de banho. Espantei-me com as escadas, pensando que deveria estar mesmo a dormir no dia anterior, pois nada parecia pertencer ao hotel onde me hospedara. Arrastei-me para a cozinha onde comi algo que subtraí do frigorífico. No exterior, esperava-me um Mazda escuro com um homem familiar ao volante. Calcei-me e entrei no carro. Sem mais demoras, fui levada a uma rua. Um alto edifício, quatro andares talvez, construía-se ao meu olhar. Entrei. Um homem fardado pede-me um cartão e indica o sítio por onde o devo passar. Só tinha um, espero que tenha sido o certo. Mais uma vez lutei na multidão enraivecida entre corredores de gente e livros de estudo.

Joana Durão, 10D

2 comentários:

Anónimo disse...

Lindo Lindo Lindo :)
Mais uma pessoa a demonstrar o talento do 10ºD!

Com muito orgulho por pertencer a esta turma "acesa na distância",
Maria Gaspar

Anónimo disse...

gostei imenso Joana.
Parabéns! :)