domingo, 18 de maio de 2008

Tributo a Zélia Gattai




Sábado, 17 de Maio, fui confrontada com a notícia: “Morreu a escritora brasileira Zélia Gattai, aos 91 anos.”
Zélia Gattai esteve casada com Jorge Amado durante 56 anos, até 2001, ano da morte do famoso autor de várias obras internacionalmente conhecidas, entre as quais Gabriela Cravo e Canela e O Gato Malhado e a Andorinha Sinhá.
Após a morte do marido, Zélia Gattai abriu a casa onde viveram, na Baía, ao público com o objectivo de dela fazer um museu – Casa do Rio Vermelho.
Autora de vários livros, incluindo livros de memóriasA Casa do Rio Vermelho (1991), Jorge Amado – um baiano romântico e sensual (2002) e Memorial do Amor (2004) – relatos que recomendo a quem gosta de narrativa memorialista, destaco a primeira obra que li de Zélia Gattai, Um Chapéu para Viagem (1982), uma homenagem sentida a Jorge Amado pelos seus setenta anos. Transcrevo o testemunho da autora sobre a obra:

Achei que presente melhor não podia lhe dar do que o relato da minha convivência com seus pais e seus irmãos, num período extremamente fecundo de nossa vida, de 1945 a 1948.
Assim nasceu este livro, no qual comecei a trabalhar em 1980 e que só agora consegui concluir, tendo sido muitas vezes interrompida pelas contingências da nossa vida, sobrecarregada de viagens e compromissos. Escritos e revisados os originais, faltava título que os encabeçasse. Optei por Um Chapéu para Viagem, já que o livro começa com uma viagem e termina com outra, viagens fundamentais em minha vida. Para cada uma delas ganhei um chapéu, dois belos chapéus que impressionaram e inquietaram Lalu (mãe de Jorge Amado, D.Eulália Leal Amado), preocupada que me dessem “quentura na cabeça”. Em verdade, na hora de partir de S.Paulo para o Rio de Janeiro e ao deixar o Rio para a Europa, em ambas as viagens tinha a cabeça quente, estourando. Não devido ao chapéu, é claro!”



Neste livro, o leitor poderá encontrar, pelo olhar e voz da “moça paulista”, filha de imigrantes italianos, “com uma veia agitada pelo sangue da lenda anarquista da Colónia Cecilia”, autores portugueses como Ferreira de Castro e Alves Redol, com quem o casal Amado se relacionou em Paris.
Se de algum modo poderei homenagear a escritora Zélia Gattai Amado, será, certamente, pela motivação à leitura da sua obra. Boa leitura! Se quiserem saber mais sobre a Fundação Jorge Amado, acedam ao site:


Auxília Ramos

2 comentários:

Anónimo disse...

Professora, já fiz propaganda ao lusografias :)
Espero que tenha ajuadado.

Maria

EMD disse...

Ajudou, Maria. Eu já aproveitei a boleia e devo dizer que não perdi a viagem.
Gostei muito de tudo: textos muito bons em harmonia com a divulgação de leituras; apresentação simples mas cuidada e adequada à concentração na leitura.
Parabéns!