sábado, 3 de outubro de 2009

Fernando Pessoa (ante)visto pelos alunos

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Conheço-o em bronze, de perna cruzada em pleno Chiado. Aí, as suas vestes negras, já oxidadas pelos pensamentos que o envolvem, destacam-no do comum mortal. De chapéu Borsalino, óculos redondos e bigode curto, exalta toda uma aura de emblemático lírico camoniano, maltratado pela própria vida que expõe.
Figurando como um true gentleman do virar de século, o autor induz a uma introspecção meticulosa (“Deus quer, o Homem sonha, a obra nasce”). Nesse seu jeito de Charlie Chaplin lúgubre, sei-o também pelos olhos de Almada Negreiros, na pele de porta-estandarte da Geração d’Orpheu, frontispício do Modernismo Português.
Interciso em várias personalidades, cada uma tão complexamente romântica e alienada como as restantes, reconheço o poeta, o génio introvertido, o anglómano autor de ridículas cartas de amor e, acima de tudo, o sombrio mestre da transfiguração.
Mas afinal, quem é Fernando Pessoa?
Personne. Um fingidor, não obstante.
Gonçalo Tiago, 12ºB
(Enviado por Isabel Moreira)
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Sobre o fabuloso mundo de Fernando, tudo ou nada se pode dizer. Como foi possível existir tão prodigiosa imaginação e tão soberba criatividade num ressequido empregado de escritório?
A imagem dum sujeitinho atarracado e nervoso para que o ponteiro atinja a hora de saída do trabalho é a primeira coisa de que me lembro, quando penso em Fernando Pessoa. Talvez fossem essas as horas em que se tornava num tantológico Alberto Caeiro, antes de abrir a correspondência e de se transfigurar num ácido e geometricamente educado Ricardo Reis que, enquanto fumava um velho cachimbo, contava os envelopes.
Todos nós temos um feitio especial para as horas más; no entanto, Pessoa inclina o seu humor difícil para um engenheiro torrencial que respira Ópio e que ferve vaporosas complexidades por cada orifício.
A meu ver, todo o seu fabuloso mundo é ridículo – ou até insólito – e talvez seja isso que faz dele um objecto tão interessante e digno de destaque numa literatura tão preenchida.
Nuno Pereira, 12ºB
(Enviado por Isabel Moreira)
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Ao reflectir um pouco sobre a "figura desfigurada" de Fernando Pessoa, percebemos um começo inacabado, um olhar desvanecido por entre uma atitude observadora, crítica e, acima de tudo, genial.
Talvez pela capacidade de criar mundos dentro do seu próprio mundo me fascine. Uma personalidade desmembrada em Alberto Caeiro, Álvaro de Campos e Ricardo Reis que só assim se torna una. É sem dúvida admirável. Desdobra-se nas capacidades, nos sentimentos, no carisma, na atitude, na razão que, de maneira nenhuma, consegue conciliar. De certo modo, existem pessoas dentro de Pessoa que renascem e se alimentam a cada poema…
Pessoa vê-se com Mil Caras, Mil facetas “não s[endo] do tamanho da [sua] altura (…)” mas sim “(…) do tamanho daquilo que v[ia]”.
Raquel Oliveira, 12ºC
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Fernando Pessoa é, no fundo, a criança que nos dias de hoje, passaria horas a receber conselhos e a ouvir alguém à procura da sua verdadeira essência, quando, na verdade, ninguém o perceberia verdadeiramente. Nem ele próprio.
Na sua curta vida, ninguém achou nele o génio criativo que viria a surpreender-nos após a sua partida. E ainda agora não o compreendem.
Esta incompreensão, esta profundidade e esta loucura com que finge, imagina, inventa o seu verdadeiro “eu” é o que fascina e que nunca lhe saciou a sua fome da diferença.
Num mundo dito hoje tão “aberto”, mas onde as diferenças (já nem falando nas desigualdades) estão tão esbatidas e são tão mal encaradas, debrucemo-nos sobre uma escrita que nos alucine e num “demónio” que nos rompa do comum.
Se um poeta é, como o próprio diz, “um fingidor”, Pessoa é, então, o melhor poeta de todos os tempos.
Maria Gaspar, 12DE
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Enigmática personagem, Pessoa tornou-se para mim um mistério, construído através da pressão escolar e televisiva. É aliás sempre retratado como um escritor caracterizado pelo poder que tinha em desfragmentar o seu ser em vários heterónimos, associados a peculiares e arrojados modos de se apresentarem, tão metodicamente preparados por Pessoa - genial disfunção para encarnar várias personagens...
Por fim, diria que este escritor, Fernando Pessoa, dedicou a sua vida à cultura, à reflexão exploração do seu próprio ser, apurando os sentidos humanos e direccionando-os para a sua verdadeira paixão, “ A minha pátria é a língua portuguesa”.
Luís Ramos, 12ºC
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Fernando Pessoa, escritor de renome, pertence ao círculo de figurinos da literatura Portuguesa. Assim, o conhecimento que detenho dele provém das expectativas que os professores me incutiram.
Para mim, Pessoa é a personificação do conceito de Poeta enquanto observador quer do mundo exterior, quer do interior, infinitamente complexo. Fazendo jus ao apelido, desdobra-se em três personalidades, primando pela infatigável reflexão sobre a dor de pensar e a natureza do ser. Marcado pela solidão e pelo vício, compreendo o ter criado mundos exclusivos, convertendo-se num auto-proclamado fingidor.
Alguns estranham a sua figura, escarnecem do reconhecimento póstumo. Contudo, num Portugal desprestigiado, torna-se imperativo evocar os «eus» Pessoanos e, quais peças num puzzle, deslindar o talento que excedeu os limites do imaginável.
Filipa Alves Santos, 12ºB
(Enviado por Isabel Moreira)

1 comentário:

Anónimo disse...

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