quinta-feira, 10 de abril de 2008

El Ateneo - uma livraria mítica...



A propósito de Memórias de Viagens, deixo um texto que me foi enviado pela Drª. Auxília Ramos, sobre uma livraria muito especial, em Buenos Aires:


As poucas horas que passei na Livraria El Ateneo, em Buenos Aires, não chegaram para saciar tanto a curiosidade de admirar o espaço físico, como o desejo de percorrer avidamente as estantes de livros, à descoberta de uma qualquer novidade... Detive-me nos escritores argentinos, claro!, e não resisti a "revisitar" os escritores lusos, dos quais se destaca, invariavelmente, Saramago.

O edifício da livraria foi outrora um cine-teatro, o Gran Splendid de Buenos Aires. Sob a orientação de Fernando Manzone, autor de importantes trabalhos na área da intervenção arquitectónica, a recuperação do antigo teatro teve a preocupação de respeitar, conservar e restaurar a construção original, datada de 1903, adaptando-a, no entanto, às necessidades da sua nova função.

A actual livraria mantém, desse modo, a distribuição dos antigos espaços do teatro, nomeadamente, os acessos, a sala de projecção, os camarotes e o palco. O fresco da cúpula, pintada na década de 1920 pelo artista italiano Nazareno Orlandi, foi restaurado pela pintora Isabel Contreras e prende, por alguns minutos, o nosso olhar. A venda de livros ocupa três pisos: o subsolo dedicado à literatura infantil; o rés-do-chão onde se situam o salão principal (antiga plateia), espaços para leitura e um café (outrora palco); no primeiro andar, dedicado também à música, encontram-se os camarotes que servem de recatados gabinetes de leitura.Os andares superiores estão reservados a exposições de artes plásticas e acesso à Internet.


Quando a oferta é enorme, a escolha torna-se difícil! Pressionada pelo tempo e assediada por um dia magnífico de sol, acabei por comprar uma das novelas de Julio Cortázar, "Divertimiento" ( não estivesse eu de férias e em Buenos Aires!). E em castelhano, claro!

Aqui fica um excerto. Quem sabe um desafio...
"Ahora esperen, la sombra de la menta en los labios, el origen sigiloso de ciertas bebidas que se degustan bajo luces de humo, tornan alguna vez como palabras y se agregan al recuerdo para no dejarlo andar solo bajo las antiguas lunas. ("Buen poema", me dijo Marta al oído mientras escribía velocíssima.)"

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