quarta-feira, 30 de abril de 2008

Retrato e Auto-retrato 10ºAno




Frida Kahlo


Almada Negreiros


Em oficina de escrita, os alunos aplicaram a técnica do retrato. Escolheram um colega e, em segredo, pintaram os seus traços. Depois, leram em voz alta e a turma fez corresponder o retrato à identidade (e acertou sempre). Aqui fica o primeiro exemplo: uma joaninha muito especial...


Vejo-a voando, vestida de vermelho (talvez), com algumas marcas negras como se tivesse sido pintalgada, mas nem assim me canso de a contemplar. Imagino-a sentada em margaridas, em rosas, em tulipas...consegue voar. E depois repousa sobre o meu joelho, olhando-me com aquela postura calma e serena, tentando compreender o motivo de a olhar daquela forma. Mal ela sabe a brisa que faz o seu cabelo escuro e liso e as sobrancelhas marcadas que sobressaem na larga testa que tem...E quando se aproxima de mim, quando me segreda docemente todos os seus enigmas, eu não me canso do seu olhar profundo e amendoado que me consegue mostrar tudo...a sua sinceridade, a sua determinação e, por vezes, a sua tristeza. Quando assim é, o Outono cresce em meu redor, as maçãs do rosto, outrora imponentes, transformam-se, tornam-se esquálidas e parecem querer desaparecer.
Mas o tempo cura tudo, o tempo faz passar tudo e acorda o sol e afasta as nuvens desvelando novamente a sua verdadeira perfeição. Faz-me ter em atenção os lábios carnudos, o sorriso doce e meigo. Faz-me ver todos os pormenores. Mas o ar dela e a forma do nariz não me enganam. Sei que me vai deixar, depreendo que queira dormir: está frio, eu entendo… O tempo leva as nuvens mas também as traz, dá o sol mas também o chama. E ela gosta do verde, gosta de cores e ama o sol. Quando está frio, prefere dormir, retirar-se e pensar, contar os dias que faltam para voltar a poder voar. E eu vou contando todos os dias que faltam para a poder voltar a ver, para ouvir a sua voz amiga... Vou contando os dias que faltam para ela perceber que, independentemente do Outono ou do Verão, estará sempre presente no meu coração.

Ana Lúcia, 10C

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