quarta-feira, 15 de abril de 2009

"Frei Luís de Sousa" nos dias de hoje



Em Oficina de Escrita, os alunos adaptaram textos do domínio transaccional e funcional, nomeadamente a reclamação, ao contexto e à acção da obra de Almeida Garrett. Pedia-se sobretudo criatividade. Eis alguns exemplos:
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1.
............................................Manuel de Sousa Coutinho
............................................R. Luís de Camões
............................................2003-743 Almada

28 de Agosto de 1599

Exmº Sr. Dr. Anastácio Barbosa
Director Geral da Companhia de Seguros Paz De Alma
Companhia de Seguros Paz De Alma
1990-503 Lisboa


Venho por este meio proceder ao relato de uma situação profundamente desagradável ocorrida no meu Palácio, em Almada. Neste sentido, procederei de forma sucinta à descrição dos factos:

1) No dia 28 de Julho deste ano, decorreu um terrível incêndio na minha residência, tornando-a inabitável para mim e para a minha família;
2) Após este facto, desloquei-me à vossa companhia, no mesmo dia, no sentido de dar ocorrência do sucedido. O vosso funcionário Anacleto Lopes da Silva prometeu-me enviar um avaliador para constatar os danos causados pelo incêndio, o mais rápido possível;
3) Desde esta data (28/07/1599) não compareceu ninguém para a supracitada avaliação, nem voltei a ser contactado pela vossa companhia para justificação de tal facto;
4) Ontem, dia 28 de Agosto, um mês depois do ocorrido, tomei a iniciativa de me voltar a deslocar a Lisboa para assegurar os vossos serviços, uma vez que achei estranho não me terem voltado a contactar;
5) Já na companhia, fui atendido pelo funcionário Armindo Meireles que me alertou para o facto de não existir um registo da ocorrência.
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Face à exposição dos factos supracitados, importa proceder à seguinte análise:
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1) Considero o vosso comportamento e procedimento utilizados de uma inqualificável incompetência e desrespeito pelo vosso leal cliente;
2) O procedimento correcto da vossa parte seria terem enviado de imediato um avaliador para que se procedesse à realização das burocracias necessárias para a indemnização, além de que deveriam ter disponibilizado alojamento temporário para mim e para a minha família;
3) Os danos causados pelo vosso procedimento incorrecto são significativos e profundamente penalizantes:
a) Despesas causadas pela deslocação à Companhia, em Lisboa;
b) Perda de valores incalculáveis (jóias de família, obras de arte, vasta biblioteca e todas as posses de um passado na Ordem de Malta);
c) Profundo transtorno pessoal e monetário em termos de alojamento, numa casa antiga, há muito não habitada e com uma renda consideravelmente elevada;

Dada a incorrecção verificada e a profunda falta de respeito pelos interesses envolvidos, exijo uma indemnização não só pelo incêndio que devastou o meu lar, mas também pelos danos referidos em 3).

Espero que para a segurança e a justiça em Portugal, a vossa companhia, como uma das mais prestigiadas no país, melhore os serviços que prestam aos cidadãos.
Sem outro assunto de momento, subscrevo-me com elevada consideração,
.....................................................................................................................Manuel de Sousa Coutinho
Sara Guedes e Maria Gaspar
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2.
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.......................................................Telmo Pais
.......................................................Casa da Doroteia
.......................................................1934-503 Almada
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Exmº Sr. Romeiro (D. João de Portugal)
Cavaleiro da batalha de Alcácer Quibir
5907-541 Alcácer Quibir
África
Email: jojoport@alcacerquibir.com
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Venho por este meio expor uma situação, profundamente desagradável, da qual fui vítima, ocorrida no Acto III, cena V. Deste modo, procederei de forma sucinta à descrição pormenorizada dos factos:
1) No dia 25 de Novembro deste mesmo ano, fui surpreendido por um vulto, que se identificou como “Ninguém”;
2) Quando finalmente demonstrou a sua verdadeira identidade, como sendo o meu amo, apesar de surpreso e feliz, não consegui esconder a minha perplexidade perante o acontecido;
3) Na passada segunda feira, dia 2 de Dezembro, decidi visitá-lo para demonstrar a minha insatisfação perante o sucedido;
4) Nesta visita, apesar da vossa afectividade no princípio da nossa conversa, este sentimento foi-se convertendo num rancor e desejo de vingança sob a família Coutinho.
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Face à exposição dos factos apresentados:
1) Considero o vosso comportamento e procedimento de um desrespeito inqualificável pela minha pessoa e por D. Madalena, uma vez que podia ter recorrido aos meios de comunicação existentes para alertar a sua chegada;
2) Deveria ter tido mais consideração pela moral da família Coutinho, principalmente por D. Maria, uma vez que se encontrava débil;
3) Não deveria culpar D. Madalena pelo seu segundo casamento, pois ela esperou muito tempo pela sua chegada e nunca o julgou morto;
4) Já que não deu sinal de vida, podia ao menos ter a decência de nos mandar recursos monetários para saldar as várias dívidas inerentes à manutenção da sua casa.
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Os danos causados pelo vosso procedimento são significativos e profundamente penalizantes:
1) Morte de Maria;
2) O meu despedimento;
3) Morte espiritual de D. Madalena e Manuel de Sousa Coutinho;
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Tendo em conta o sucedido, gostava de deixar claro que tomarei as seguintes atitudes:
1) Envio de uma queixa detalhada e devidamente sustentada para a Associação de Desaparecidos de Almada;
2) Envio de uma queixa detalhada e devidamente sustentada ao Prior de Benfica;
3) Envio de uma queixa detalhada e devidamente sustentada à Segurança social;
4) Divulgação deste assunto no Jornal Medieval;
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Agradeço desde já a atenção disponibilizada. Com elevada consideração,
..................................................................................................................Telmo Pais
Ana Rodrigues e Cláudia Chaves
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3.
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............................................Madalena de Vilhena
............................................Rua dos Agouros, 13
............................................1013 – 130 Almada
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Exmº Sr Constantino Aldegundes
Director da Polícia do Reino
Polícia do Reino
Rua da Tapada, 1
1990 – 503 Lisboa
Reino de Portugal
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Venho por este meio proceder ao relato de uma situação profundamente lamentável e irreparável, que derivou da incompetência dos vossos serviços. Neste sentido, procederei de forma sucinta à descrição dos factos:
1) No dia 4 de Agosto de 1578 travou-se a Batalha de Alcácer Quibir, no continente africano, na qual o meu primeiro esposo, D. João de Portugal, participou.
2) Nessa Batalha, D. João de Portugal foi dado como desaparecido.
3) Assim, recorri aos serviços de V. Ex.ª, com o intuito de o encontrar.
4) Foi-me então dada a certeza de que iriam fazer o necessário para o encontrar.
5) Ao fim de sete anos (ano de 1585), V. Ex.ª mandou suspender as buscas, ordenando que os seus colaboradores regressassem ao Reino, apesar de não terem cumprido a sua missão.
6) Contrapus a vossa decisão, contudo, não obtive resposta por parte de V. Ex.ª.
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Face à exposição dos factos supracitados, importa proceder à seguinte análise:
1) Considero a vossa atitude e procedimentos utilizados de uma inqualificável incompetência e desrespeito pela minha pessoa.
2) Os danos causados pelo vosso procedimento incorrecto revelaram-se significativos e profundamente trágicos:
a) Após os sete anos de espera e consequente mentalização da possibilidade do falecimento de D. João de Portugal, decidi refazer a minha vida e casei-me com o Exm. Manuel de Sousa Coutinho.
b) Em 1586, tivemos a nossa primeira filha.
c) No dia 4 de Agosto de 1599, ano que corre, apareceu na minha residência D. João de Portugal.
d) Após este episódio, a nossa vida ficou arruinada e tanto eu como Manuel de Sousa Coutinho nos vimos na obrigação da tomada do hábito.
Assim, concluo que tudo isto se deveu à falta de empenho e de competência de V. Ex.ª.
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Espero que, para o bem do Reino, V. Ex.ª e os seus assessores melhorem a qualidade dos serviços que prestam.
Sem outro assunto de momento, subscrevo-me com elevada consideração,
................................................................................. Madalena de Vilhena (Setembro de 1599)
Marcelo Guedes e Teresa Andrade
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4.
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.....................................................D. João de Portugal
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....................................................Lisboa
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Lisboa 13 de Fevereiro de 1585

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Ex. Mo Senhor Arsénio Mattos
Director geral dos serviços administrativos do reino de Portugal
Lisboa
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Venho por este meio proceder ao relato do que considero ser uma grave falha dos serviços administrativos do reino, a que V. Ex. preside e coordena. Neste sentido procederei de forma breve, mas rigorosa à exposição dos factos:
1. No dia 4 de Agosto do ano de 1578, com a Graça de Deus e por amor à pátria, combati ao lado d’El Rei D. Sebastião na batalha de Alcácer Quibir;
2. Nesta baralha, fui feito prisioneiro, tendo permanecido em cativeiro durante vinte anos;
3. No final deste período, constatei para minha surpresa que tinha sido dado como morto nos serviços administrativos que V. Ex. preside e coordena.
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Face ao exposto importa proceder à seguinte análise:
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1. Considero a vossa actuação e todos os procedimentos utilizados insuficientes e pouco rigorosos;
2. O procedimento correcto da vossa parte seria averiguar com todos os meios ao alcance de V. Ex. a existência de um corpo, ou a prova da morte através de relatos de testemunhas;
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Dada a incorrecção cometida e profunda falta de respeito, informo, para os devidos efeitos, que procederei da seguinte forma
a) Envio de queixa detalhada e devidamente fundamentada para o Rei;
b) Envio de queixa detalhada e fundamentada para as mais altas instâncias da igreja cristã / católica de Roma;
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Espero que, para o bem da nação, os serviços prestados por V. Exas. melhorem de forma significativa.
Não tendo outro assunto a tratar, no memento, subscrevo-me em cordiais saudações:
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......................................................................................................D. João de Portugal

António Duarte e Francisco Pereira

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